Proctologia

Área dedicada ao diagnóstico e tratamento das patologias da porção final do sistema gastrointestinal: intestino grosso, ânus e reto. Alguns dos principais problemas tratados por essa especialidade são:

As hemorróidas são veias dilatadas na região anal. São muito comuns e atingem pessoas de ambos os sexos e diversas faixas etárias. Também são comuns na gestação e puerpério. As hemorróidas podem ser internas ou externas, de acordo com a localização. As hemorroidas externas são recobertas por uma pele sensível chamada anoderma e as internas são recobertas pela mucosa.

Os sintomas em geral são dor, coceira, sangramento anal vermelho vivo, abaulamento e prolapso anal. 

A doença hemorroidária é uma doença benigna e que não tem relação com câncer, porém os sintomas das hemorroidas podem ser confundidos com sintomas de outras doenças. Por isso é essencial a avaliação de um especialista. 

O tratamento para casos leves envolve medidas para melhorar o hábito intestinal, incluindo dieta rica em fibras e água, cuidados de higiene e podem ser empregados medicamentos via oral e tópicos.

Em casos de doença refratária e sintomatologia grave pode ser indicada cirurgia (hemorroidectomia). Além disso, nas hemorróidas internas, pode ser realizada a ligadura elástica, que consiste em aplicação de anéis de borracha nos vasos hemorroidários dilatados. É necessária avaliação do coloproctologista para definir a melhor estratégia de tratamento.

A fissura anal é caracterizada por uma pequena úlcera linear, uma ruptura ou até um corte no revestimento anal. Essa doença é comum e frequente entre adultos jovens, podendo acometer qualquer faixa etária. Em geral se associa a quadros de constipação (intestino preso) ou diarreia. Seus sintomas incluem dor anal, muitas vezes intensa, e sangramento anal. 

A fissura pode se apresentar de forma aguda ou crônica e pode também ocorrer no pós-operatório de cirurgias anorretais (hemorróidas, fístulas, etc). Além disso, em alguns casos, a fissura anal pode se associar a doenças inflamatórias intestinais, a tuberculose e doenças sexualmente transmissíveis, dentre outras doenças, por este motivo é de suma importância a avaliação de um especialista. O tratamento pode envolver medicações que promovem uma melhora da vascularização e cicatrização do local, na forma de pomadas e, em alguns casos, pode haver necessidade de investigação adicional e tratamento cirúrgico. 

As infecções ao redor do ânus podem ocorrer frequentemente, com a formação de abscessos perianais, que causam sintomas como dor, inchaço, vermelhidão e desconforto para evacuar. Essa infecção se deve ao entupimento do orifício de saída de uma das glândulas anais que liberam o muco no momento da evacuação com o objetivo de lubrificar e facilitar a saída das fezes. 

Os abscessos perianais caracterizam a fase aguda do quadro e ao serem abertos de forma espontânea ou cirúrgica, para a drenagem do pus, podem formar as fístulas perianais, que caracterizam a fase crônica. A evolução de abscesso para fístula ocorre em metade dos casos. 

Se após o tratamento inicial que consiste na drenagem cirúrgica do pus, o quadro persistir e evoluir para uma fístula, o paciente deverá ter acompanhamento médico com especialista. Em virtude da complexidade e múltiplas formas de apresentação clínica desta doença, por vezes, serão necessários vários tratamentos cirúrgicos, colocação de pequenos drenos e reparos, os chamados “setons” ou “sedenhos” sempre com a intenção de controlar os processos infecciosos, respeitando a musculatura esfincteriana, com o objetivo de minimizar a incontinência anal (perda involuntária de gases e fezes), uma das complicações mais temidas deste tratamento.

O plicoma anal consiste em uma saliência de pele que ocorre na borda anal externa. É uma doença benigna, muitas vezes assintomática, podendo em alguns casos gerar sintomas de coceira e dificuldade para higiene local. 

O plicoma em geral ocorre após quadros de inflamação que gera inchaço do ânus (por hemorróidas e fissuras, por exemplo). O diagnóstico é realizado através do exame físico realizado por especialista.

Os casos assintomáticos não necessitam de tratamento. Em pacientes sintomáticos pode ser indicada a ressecção cirúrgica.

A incontinência fecal é a dificuldade ou incapacidade de controlar a eliminação dos gases e das fezes. Esse distúrbio compromete gravemente a qualidade de vida e é mais comum do que se imagina. É predominante em idosos, porém pode afetar qualquer faixa etária. A incontinência ocorre em diferentes graus, variando desde perda involuntária de gases e escapes fecais ocasionais até a perda total do controle da região anal.

As causas mais comuns da incontinência fecal são as lesões da musculatura do períneo causados pelo parto vaginal, alterações neurológicas como a degeneração do nervo pudendo, uso de alguns medicamentos, cirurgias anorretais, idade avançada, diabetes, entre outras. 

O diagnóstico envolve o exame clínico e exames complementares como a manometria anorretal e o ultrassom endoanal.

Os tratamentos variam dependendo da gravidade e das causas da incontinência e envolvem exercícios perineais, fisioterapia pélvica com biofeedback, dietas e alguns medicamentos. Nos casos mais complexos podem ser indicados procedimentos cirúrgicos, como a esfincteroplastia (correção do músculo rompido), uso de preenchedores e até a colocação de um marcapasso sacral, aparelho implantado na região glútea, que estimula os nervos  que inervam todas as estruturas da pelve, incluindo a bexiga, o reto e o canal anal.

A retocele é uma condição em que a parede de tecido entre o reto e a vagina enfraquece, causando uma herniação com a projeção da parede do reto para dentro da vagina. É muito comum, ocorrendo em até 80% das mulheres e na maioria das vezes é assintomática. 

Quando gera sintomas, pode ocorrer sensação de protuberância na vagina e dificuldade evacuatória (evacuação obstruída), muitas vezes com necessidade de manobras manuais para evacuar.

Os tratamentos variam de acordo com a gravidade do caso. Quando a retocele é assintomática não é necessário nenhum tratamento. Nos casos mais graves pode ser necessária a intervenção cirúrgica para reparo da retocele. 

 

As doenças sexualmente transmissíveis são comuns na região anorretal e podem ser contraídas através da relação sexual anal. Existem vários tipos de infecções prevalentes, dentre elas HPV, que gera lesões verrucosas na região do ânus e canal anal (condilomas), podendo também predispor ao câncer anal; gonorréia e a clamídia, que podem gerar lesões perianais e proctite  (inflamação no reto);  sífilis, herpes genital, dentre outras. 

Para o diagnóstico o proctologista realiza a inspeção anal, toque retal e a anuscopia. A anuscopia  é um exame simples, feito no consultório que permite a visualização do interior do canal anal. Exames de sangue e culturas de secreções genitais podem auxiliar no diagnóstico do agente causador da doença.

O tratamento depende da causa. Algumas infecções são de fácil tratamento medicamentoso, porém outras podem demandar tratamentos mais complexos e de longo prazo. No caso do condiloma acuminado (causado pelo HPV), podem ser necessárias sessões de cauterização química e/ou cirúrgica.